sábado, 25 de fevereiro de 2012

Olhar as ideologias.

A publicidade como ideologia. 
A publicidade, isto é, a comunicação de algo com vista à nossa adesão a esse algo, seja um produto mais concreto ou mais abstracto, é o corpo de informação preponderante no espaço público. Se considerarmos esse espaço na sua componente eminentemente física, pode-se dizer que há um monopólio. Portanto, a publicidade é de altíssimo valor na definição da ideologia, ou o conjunto de ideias que moldam a nossa forma de ver o mundo. Logo aqui temos um dado importante a notar - a maior parte da informação que recolhemos de entidades externas colectivas não visa directamente o bem comum mas sim o dessa entidade que emite a informação. É informação interessada e, por isso, necessariamente, enviesada. Esse viés cria um desequilíbrio que só pode ser contrabalançado se, do lado do cidadão, houver uma postura crítica. Essa atitude existe sempre, desde logo porque, se não houvesse, pertenceríamos a vários partidos politicos ao mesmo tempo ou compraríamos todos os produtos que víssemos publicitados desde que tivéssemos o dinheiro. Porém, creio que essa postura crítica pode assumir vários níveis, para além do básico que é o de fazer escolhas entre várias solicitações diferentes. É possível, por exemplo, não estarmos de acordo com valores subentendidos em algumas dessas mensagens. É possível também, e desejável, percebermos o que querem essas mensagens de nós. E, em última instância, é possível recusar o seu carácter englobante, reconhecendo a necessidade de uma comunicação livre e desinteressada no espaço público. O conceito de "desinteressado" é, note-se, dificil de concretizar. O mais desinteressada possível, então.
Este blog quer contribuir para a análise dessas mensagens, para as pensarmos nós em vez de elas por nós.

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